quarta-feira, 6 de junho de 2012
terça-feira, 5 de junho de 2012
Um Artista de dois Mundos
Will começou sua vida de sonhos
observando as paisagens da terra aos 12 de janeiro de 1898, havia nas redondezas
lagos, parques com vegetação densa e muito verde....
Frederick, seu pai um bom policial, ocupava-se
em manter a ordem em Mecklemburg ao lado de sua Maria. Nos anos de 1880’s a
administração da Corte do Grao-Ducal de Schwerin decidira afastar a ideia de
revolução do lugar, tornar mais segura a região oferecendo uma segunda chance para
uns ou, para outros, um exílio com possibilidade de receber benemerências no
paraíso escondido em terras tão distantes que jamais se iria imaginar, com possibilidade
de prosperar economicamente, um verdadeiro milagre, mesmo assim, nem tudo eram
flores, e existia o inferno...
Uma população de ladrões de cavalos,
assassinos e pequenos criminosos anistiados foram deportados para o Brasil no
início do século XIX com a orientação do ajudante de Ordens da Princesa Izabel,
Major Jorge Antonio Schaeffer, nascido em Münnerstadt, na Francônia.
Um pouco da historia da independência
do Brasil deriva da ideia de recrutar soldados e colonos alemães para o novo
Estado que se haveria de criar depois da separação de Portugal. De acordo com o
Congresso de Viena era proibido à formação de exercito de mercenários.
Estabelecendo seu escritório em Hamburgo o Ajudante de Ordens recrutou
inclusive presidiários na condição de colonos e soldados, estes seguiram a
grande jornada de viagem juntamente com suas famílias rumo a um continente
promissor e desconhecido.
Tão cedo demonstrou uma intensa
tendência para o mundo da arte pictórica, que mais tarde iria defini-lo como ö
artista de dois mundos “na definição vivencial daquilo que seria o seu “pão
nosso de cada dia”: a beleza das formas e das cores”.
A abertura cultural do então jovem
artista se efetiva em 1905, no Núcleo Rural de Bruel, com a conclusão de curso
em 1909.
O contato direto com a natureza do norte da Alemanha permeado de
belezas naturais preservadas deparamos com o parque nacional Vorpommersche
Boddenlandschaft
Também o parque nacional Müritz, situado no coração da região lacustre
de Mecklemburgo, contorna O Lago Müritz, o maior da Alemanha. Muitos rios e
lagos surgem para todas as direções. Esta combinação dos esportes aquáticos
como canoagem, veleirismo e outros uma das tradições nas férias de verão germânicas.
Dir-se-ia que o contato direto com a
natureza de sua terra iria influir, no futuro, na alma do artista, que pelo
deslumbramento do quanto sua alma sentia, do quanto de embriagues o seu espírito
de impregnava, transformá-lo-ia num mestre da analise do mundo circundante quer
representasse a ironia do trágico quer possibilitasse a plenificação da
luminosidade.
Concluído o curso primário ingressa o
jovem na Ober Real Schule de Schwerin, para em 1917, ali concluir seu curso
secundário. Nesta oportunidade, quando Will se encontrava em plena juventude e
quando os sonhos se nos despertam mais belos, o mundo se encontra em polvorosa.
A Europa assistia a primeira de suas hecatombes e que tantos males causaria ä
humanidade, ainda que dali partissem as substanciais modificações no campo
social e artístico. Techmeier não se ausenta e nem foge desse cenário. Assim é
que em 1917, define-se por suspender o seu curso universitário, iniciado na
Escola do professor Von Lutgendorf Leimback em Luebeck, Meclemburg, educandário
então dirigido pelo professor Von Lutgendorf Leimback e inscreve-se como
voluntario no exercito do seu país, sendo encaminhado para frente de batalha
travada na Rússia entre 11/01/1917 a 27/01/1919 . Ali, ferido gravemente, vem a
aprender as primeiras grandes lições de sofrimento e que lhe tanto valem para
criações futuras.
Retornando a pátria, reinicia o jovem
Techmeier o seu curso acadêmico laureando-se em data de 1919.
Essa época, Will sente-se plenamente
dominado pela explosão interior dos grandes criadores que sabem e sentem as inclinações
naturais de seus sentimentos e deles não pode se apartar. Ingressa assim, na
mesma época, no Curso Superior de Belas Artes da Tradicional Staaliche
Akademie, na cidade de Dusseldorf.
O artista, singelo no processo
criativo, pretendia alçar-se a uma posicionamento superior firmado já no
próprio talento, básico sentido da observação da vida. Já numa formação
acadêmica que lhe permitisse desvendar, de forma consciente, todo o universo
que lhe rodeava.
Desenho, pintura, anatomia, química
das cores e historia das artes, foram assim todo o embasamento que formaria o
futuro Will Techmeier, e que o iriam consagrar como um dos grandes criadores da
pintura do século XX.
Finalizado o curso na tradicional
Academia de Dusseldorf, o valor cultural do jovem Techmeier, aliado ao seu
inconteste talento artístico, lhe valem ingressar como assistente do seu
equestre Excelenz Eduard Von Gebhardt, mundialmente conhecido, cadeira que
ocupa ate 1926, quando, então, voa sozinho para as grandes conquistas do
espírito, aperfeiçoando-se em Amsterdã, Paris e Berlin.
Preparado para a vida e possuidor de
fina sensibilidade, Techmeier inicia então o seu imenso processo criativo e, em
Dusseldorf, de 1928 para 1929, monta o seu próprio atelier, que se plenifica de
êxitos seguidos: apresenta as suas telas em galerias particulares, o governo
germânico obtém uma serie de seus trabalhos para museus nacionais, enfim,
consagra-se como interprete de sua raça e de seu povo.
Alcançou logo as primeiras vitórias:
seus trabalhos saiam do “’atelier” para as coleções publicas e particulares. A
intensa dedicação resultou na aquisição pelo governo Alemão de vários desenhos
para os museus nacionais, quatro desenhos para museus nacionais, um quadro pintado
a óleo para o museu da cidade de Dusseldorf. Os colecionadores tratavam
especulativamente de assegurar para si os seus trabalhos.
Neste período sucede um fato inédito
ao ter um de seus quadros vendido pela Galeria Stern em Dusseldorf e
posteriormente falsificada sua assinatura e vendido como um original de seu
mestre Excelem Von Gephart. Uma vez descoberto, torna-se um escândalo e como
indenização recebeu a quantia de cinco mil marcos, sendo outro tanto destinado
para auxilio de estudantes carente.
Com a obtenção de ótimos resultados no
campo, decidiu fazer um viagem a Espanha, quando o Banco Pattberg abre
falência. Deste acontecimento nasceu a plano que promove a vinda ao Brasil em
fins de 1929.
É verdade que ulterior sucesso foi
interrompido por aquela época, após a escravização da Alemanha pelo Tratado de Versalhes,
quando também a arte reinava a depravação e degeneração. Quem não se conformava
com este estado de coisas, era lançado ao ostracismo. O requinte de Techmeier impedia-o
de seguir direções errôneas. “Decidiu-se por isso, (como então muitos outros
dentre o “povo sem espaço” o haviam feito) a partir para o estrangeiro, onde
esperava encontrar estímulo ao contraste de uma natureza estranha”. Diário do
Rio, 24/12/1941.
Sem mais nos atermos ao Techmeier
europeu eis que simplesmente diremos que, possivelmente, cansado do velho
mundo, em 1929, translada-se o artista para o Brasil, fixando-se em Porto
Alegre.
E em 1929, o grande adeus ao velho
continente, rumo à promissora América. Chega a terras gaúchas, ao contrário com
a visão de uma sociedade antes telúrica e uma natureza diversa daquela que seus
olhos já admiraram e fixaram em tela. Will redescobre novo universo a lhe
plenificar os olhos e o espírito. A sua paleta se agiganta em criações as mais
diversas: da continuidade, do retratismo, análise da alma ao paisagismo
luminoso e feérico das terras brasileiras.
Decidiu viajar para Porto Alegre para
o que juntou recursos necessários. Novo contato com um mundo diferente. Novos
horizontes. Novas oportunidades se lhe oferecem. Paisagens antes não vistas
como as do sertão Rio-grandense, seus pinheirais, uma rusticidade campestre
diferente da europeia, influenciaram seus trabalhos.
Contraindo núpicias em 1931, resolveu
conhecer mais detalhadamente o interior do Rio Grande do Sul, tendo produzido
uma série de trabalhos que expressam o contraste harmonioso do gaucho e da natureza
e que o dispuseram a organizar uma exposição na capital que poucos dias durou
devido ao interesse despertado e a aquisição de todos os trabalhos.
Em 1936 voltou já com esposa e filho
numa rápida viajem a Alemanha. A escassez do tempo o limitou a retratar algumas
pessoas e vender trabalhos realizados no Brasil. No mesmo ano retorna desta vez
se localizando no Rio de Janeiro. Ali encontrou sonhada paisagem a atmosfera tropical,
contornado por belezas naturais extasiantes e coroada pelas viçosas palmeiras.
Esta atração natural forma uma nova influencia em seu ser absorvendo-o não só
no campo da arte como também o integrando cada vez mais nos costumes do país.
Tornou-se um apaixonado pela Pintura Paisagística.
Recebeu críticas favoráveis na Revista do Globo em 1930 pelos
retratos de Aloys Friedrich, Alfredo Schuler, Dr. Frederico Falk e Dr. Joseph Malener.
Além de representado e premiado no Salão Nacional de Belas Artes nos anos de 1940,
1941, 1942, 1955, 1962, foi convidado pelo Centro de Intercambio Cultural
Brasil-Alemanha para remeter uma colação de trabalhos que percorreram os
principais centros culturais da Alemanha.
O retrato do prefeito major Alberto Lins produzido em 1934 teve
sua exposição no salão Nobre do Palácio Municipal de Porto Alegre por iniciativa
do Conselho Consultivo. Impressionista e expressionista, como muitos o
classificaram, Techmeier sem dúvida merece a posição de valor dentre os nossos
maiores já que inclusive figurou a sua época com artistas da dimensão de Marron
e Guignard, quando já erradicado no Rio de Janeiro.
Acompanhando a trajetória desse
gigante criativo e de tal reconhecimento que soube fixar em telas exuberantes a
poesia integral de nossa terra. Sobreveio a Guerra que reflete com certo
negativismo em sua produção.
No pós-guerra inicia-se a fase que
chama de “atual” em que surgiram os retratos de Getúlio Vargas, Marechal
Candido Rondon (1955), doado ao Embaixador Werner Dunkwort e oferecido ao
Presidente Juscelino Kubitschek quando partiu do Brasil para ser observador na destino
a ONU Embaixador Alemão Dr. Oellers, Hindenburg, do professor e Frei franciscano
Franz Mansueto Kohn, que ilustra o livro ‘Literatura Germânica’ do referido
Frei, e retrato exposto na Universidade de Brasília pelo então Reitor Laerte
Ramos de Carvalho. Cite-se ainda o retrato do Dr. Magalhães, Reitor da
Universidade de Brasília e tantos outros trabalhos particulares; quer no mundo
da cor do universo tropical brasileiro.
Participou de inúmeras exposições na
Europa e no Brasil. Em 1931 Clube Germânico em Porto Alegre.
1932 Mostra Individual - Pinturas Artísticas
dos Encantos do Rio Grande do Sul;
1933 Restauração da Capela do Bonfim em
Porto Alegre;
1935 Salão de Exposição Farroupilha
1938 Intercambio Permanente de Obras de Arte Brasileira e Alemã
(Kunst-Ausltausch zwischen Brasilien in Deutschland) ao lado de Fredrich Marron
e Da Veiga Guignard. Homenagem a Navarro da Costa Salão do Palace Hotel na
Avenida Rio Branco no Rio de Janeiro, que quando encerrada, suas obras foram
enviadas para a Alemanha;
Teve participação no 40. Salão
Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Em 1941 obteve Medalha de Bronze na
edição da exposição. No ano de 1942ocasião da realização da 47 edição do Salão
foi expulso, depois de inscrito por motivos políticos, voltando a ser condecorado
novamente com medalha de Bronze na realização do 60 Salão no ano de 1955.
Em 1959 participa da Exposição das
Marinhas organizado pelo Ministério da Educação no Museu Nacional de Belas
Artes no Rio de Janeiro.
Mais uma vez recebe Medalha de Bronze
participando no 67. Salão de Belas Artes em 1962.
No ano de 1964 morando desta vez na
nova capital do Brasil, participa do Primeiro Salão de Arte Moderna do Distrito
Federal e recebe o Premio de Referencias Especiais de Pintura pela Fundação
Cultural do DF.
Trabalhando na Universidade de
Brasília, em 1966, expõe sua obra na Exposição de Estudos, Pinturas e Gravuras
da Universidade. Na mesma universidade exercia o cargo de professor de Desenho
e Gravura no Instituto Central de Artes e colaborou na confecção dos primeiros
exemplares do Boletim Informativa: Artes.
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